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Murmúrios da Omissão

 

Em tempos de eleições muitos ficam indignadas com o baixo nível da maioria dos postulantes a cargos políticos, cujas qualificações e intenções beiram o absurdo. Mas, será que essas pessoas realmente entendem como o nosso sistema político permite alguns excessos de democracia, em que a seleção de candidatos, na maioria das vezes, se assemelha a um concurso de horrores?

Na verdade, a Constituição Federal garante a quase todos os cidadãos o direito a postularem um cargo político. Apenas impõe restrições quanto à nacionalidade, pleno exercício dos direitos políticos, idade mínima, inalistáveis e analfabetos.

Ocorre que a maior restrição em postular um cargo político ou de melhor definir os candidatos está dentro de nós mesmos. Somos críticos em classificar os candidatos, mas extremamente omissos em procurar conhecer e participar do processo político. Permitimos, com a nossa omissão, que a grande maioria dos partidos políticos (com grande ou pequena representação), sejam comandados por verdadeiros manipuladores das vontades alheias, cujos objetivos estão mais voltados a fazer com que “muitos sonhem os sonhos de poucos”.

Convivemos, de dois em dois anos, com alguns poucos meses de períodos eleitorais, envolvendo prévias e campanhas políticas propriamente ditas. Esquecemos que, fora desses períodos, os partidos políticos continuam existindo, realizando reuniões, encontros, eleições internas, discutindo posicionamentos e, ao menos em tese, buscando cumprir ou aprimorar as suas ideologias.

Com a omissão dos bem-intencionados, permanecem os “velhos atores” da política ocupando os principais espaços nos partidos e engordando a agremiação com aqueles que mais facilmente podem ser manipulados.

Para melhorar o nível da política brasileira, não basta deixar de votar em candidatos despreparados, votar em branco ou, pior, anular o voto. É preciso agir na origem, participando da vida partidária, expondo suas opiniões e procurando formas de exercer a verdadeira liderança, definindo e realizando objetivos e influenciando positivamente os demais envolvidos.

Se o que mais preocupava Martin Luther King não era o grito dos maus, mas o silêncio dos bons, que os bons não se contentem com simples e esporádicos murmúrios.

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